quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

162 - ESTRANHA CRIATURA

Certo sábado, bem no finalzinho da tarde, Breno se preparava para encerrar seu plantão de incêndio e voltar para casa, quando uma equipe da brigada fez um contato por rádio de comunicação:
― Boa tarde, Breno, você ainda está de plantão?
― Sim, algum problema?
― É que acaba de ser observada uma fumaça e parece estar dentro da Fazenda Esperança. Você é o plantonista mais próximo do local. Você poderia, por gentileza, verificar se é realmente um incêndio e se está dentro da fazenda?
― Claro, já estou indo.
Breno se deslocou até a fazenda e rapidamente localizou o incêndio. Como ainda estava bem no início, o rapaz chamou a equipe da brigada pelo rádio e informou que conseguiria controlar o fogo sozinho.
Saiu da picape, apanhou o abafador, que é um instrumento utilizado para apagar as chamas, e caminhou em direção ao incêndio. Já estava escurecendo e havia muita fumaça no local.
Mesmo com a visibilidade prejudicada, Breno conseguiu enxergar um vulto esquisito caminhando em sua direção. Era uma criatura muito estranha, que parou a certa distância e ficou encarando o rapaz.
A fumaça impedia uma visão mais nítida. O que ele percebia, no entanto, era bastante assustador, pois configurava algo parecido com um monstro de chifres enormes e olhos muito vermelhos.
É claro que Breno ficou totalmente paralisado. Seu coração disparou e um forte arrepio percorreu seu corpo. Essa reação, comum em situações que exigem uma boa dose de coragem, é o que podemos chamar de "CAGAÇO". Em todo caso, vamos dar um desconto ao Breno, pois temores fortes assim costumam invadir qualquer pessoa que tenha de enfrentar uma ocorrência semelhante.
Por via das dúvidas, assim que conseguiu dominar melhor suas emoções e concluiu que poderia se mexer, Breno correu de volta ao carro, agarrou o rádio e chamou novamente a equipe:
― Pessoal, vou precisar de ajuda. Começou a soprar um vento muito forte e o fogo aumentou demais. Não vou conseguir controlar sozinho. Vocês podem vir me ajudar?
Como a resposta foi afirmativa, o rapaz entrou no carro, trancou as portas e ficou vigiando a criatura através do vidro, enquanto seus companheiros não apareciam.
Por sorte a equipe chegou rapidamente, agiu com precisão e o incêndio logo foi controlado. Mesmo assim, Breno caminhava com receio, olhando para os lados e procurando a criatura, que poderia aparecer a qualquer momento.
Ainda estava tentando imaginar o que teria visto de tão assustador, quando um dos brigadistas gritou:
― Pessoal, vejam só o que eu encontrei aqui. Tem um bode amarrado numa árvore. E ele está vivo. Creio que alguém fez um despacho aqui e o bode fazia parte do ritual. Deve ter sido isso que iniciou o incêndio.
Os outros se aproximaram, todo mundo ajudou, e o animal, ao ver que estava solto, fugiu o mais depressa que pôde.
Na hora da despedida, meio sem graça por dentro, mas muito agradecido, Breno se aproximou do brigadista que viu o bode:
­― Ainda bem que foi você quem encontrou o animal. Acho que se fosse comigo, eu ficaria um "pouquinho" assustado.

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