quinta-feira, 3 de novembro de 2011

140 - FRANGUINHO NA PANELA

Certa vez, Fiune e Tião Neves realizaram inspeção para a reforma de uma antiga sede de fazenda, uma casa praticamente abandonada, com assoalho em péssimas condições, telhas quebradas, paredes emboloradas e cheias de rachaduras. Como naquela época havia um prestador de serviços de construção civil, que fazia as reformas básicas, eles combinaram de encontrá-lo na fazenda.
Por volta das 14 horas, com muita sede e muita fome, chegaram ao local do encontro. Era um dia ensolarado, sem uma única nuvem no céu, e o vento soprava quente. Como não havia ninguém por ali, e a casa ficava próxima de um córrego, que corria entre a mata ciliar fechada, foram até lá, molharam o rosto, beberam água fresca e ficaram esperando. Passado algum tempo, chamaram, assoviaram, gritaram, buzinaram a camioneta... e nada.
Percebendo que a porta da casa estava aberta, Neves entrou, deu alguns passos pela sala, parou, coçou a cabeça, e resolveu invadir a cozinha. O fogão a lenha logo chamou sua atenção. Sobre ele, duas panelas ainda estavam quentinhas. O moço levantou as tampas, deu uma olhada, cheirou profundamente e fez sinal para Fiune:
― O pessoal já comeu, olhe aí, a comida foi mexida. Vamos almoçar? Estou morrendo de fome e o cheiro está muito bom.
Sem pensar duas vezes, os dois passaram a mão nos pratos esmaltados e se serviram.
― Hum, isso aqui é frango ao molho! Com arroz é uma delícia ― elogiou Fiune, enquanto Neves concordava com os olhos, sem dizer palavra.
Em menos de dez minutos, comeram até se fartar. Em seguida, sentaram do lado de fora, na calçada, e ficaram conversando. Após meia hora, mais ou menos, chegaram o prestador de serviços e os ajudantes.
― Boa tarde! Tudo em ordem? ― cumprimentou Fiune.
E continuou, meio se justificando:
― Não encontramos vocês e tomamos a liberdade de entrar na casa e almoçar, pois viemos de muito longe.
― Sem problema, meu caro ― concordou o prestador de serviços.
― Muito bom esse franguinho ― elogiou o Neves.
― Frango? O que estava na panela com molho? Não era frango, não, era pombo. Os rapazes encontraram uns pombos mortos lá no forro, fizeram o ensopado, mas não tiveram coragem de comer. Ainda bem que vocês gostaram.

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