quinta-feira, 3 de novembro de 2011

143 - A CALCINHA

Fábio estava no campo, com mais cinco amigos de trabalho, discutindo as melhorias que podiam ser feitas nas estradas de uma fazenda. A ideia era facilitar o transporte de madeira. Por isso, vários itens precisavam ser levados em consideração, e isso exigia uma conversa longa e séria.
Em determinado momento, todos estavam muito atentos ao que Fábio falava, de modo que ele era o centro das atenções. O moço, todo entusiasmado, andava de um lado para o outro, movimentava bastante o corpo, gesticulava sem parar e apontava em uma e outra direção, para enfatizar seu ponto de vista.
Pedro foi o primeiro a perceber que algo estava saindo pela perna esquerda da calça de Fábio. Ele imaginou que, por alguma razão, a meia de Fábio deslizava para baixo, mas estranhou o fato de ser cor-de-rosa e ter rendas.
O pior é que quanto mais Fábio se mexia, mais aquela peça de roupa ficava exposta. E foi assim, até que em determinado momento, em consequência de um movimento mais brusco de Fábio, a peça saiu por completo e se esparramou no chão. Surpresa: era uma calcinha.
Silêncio total. Silêncio constrangedor. Silêncio que fica a um clique de uma explosão de gargalhadas. Mas ninguém riu. Todo mundo respeitou a sem-gracice do rapaz. Mas com um olho na calcinha e o outro no rosto do desajeitado.
Aparentemente sem entender o que estava acontecendo, Fábio perguntou:
― Mas de quem é esta calcinha?
E quase num coro os amigos responderam:
― É sua. Saiu de dentro de sua calça...
Sem alternativa, Fábio buscou uma rápida explicação. Disse que na tarde anterior havia colocado sua calça no cesto de roupas sujas. Porém, como iria ao campo, e provavelmente se sujaria, resolveu utilizá-la novamente e a pegou de volta.
Ninguém fez nenhum comentário, pois a justificativa estava incompleta.
Por isso, vendo aquelas caras de interrogação, Fábio se sentiu na obrigação de continuar seu relato e disse que provavelmente a calcinha da esposa ficou enroscada na sua calça e ele não havia percebido na hora de se vestir. Dizendo isso, ele a recolheu e colocou no bolso.
Ninguém riu, ninguém contestou, e o assunto voltou a ser novamente as estradas.
Quanto a este fato, até hoje pairam algumas dúvidas. Mas, gentilmente, os amigos fingiram que acreditaram na explicação.

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