quinta-feira, 3 de novembro de 2011

154 - O JALECO

Benedito resolveu se submeter a uma cirurgia a laser, para correção de miopia. Um pouco antes de ser atendido pelo cirurgião, a enfermeira lhe entregou um jaleco e pediu que o vestisse. Como ele já havia passado por uma situação semelhante, quando operou o joelho direito, entendeu que vestir o jaleco significava tirar toda a roupa, inclusive a cueca.
É bom lembrar que, diante de um procedimento médico, ninguém costuma questionar as ordens recebidas. Benedito não fugiu à regra. Dirigiu-se ao banheiro, ficou completamente nu e vestiu apenas o jaleco.
Só uma coisa ele achou estranha. O jaleco era curto. Curto demais. E ainda apresentava aberturas na frente e atrás. Seriam para ventilar?
Muito incomodado e constrangido, Benedito saiu do banheiro. Olhou para um lado, olhou para o outro, achou que havia gente demais por ali. Mesmo assim, seguiu lentamente pelo corredor da clínica, em direção à sala de cirurgia.
O corredor parecia se alongar cada vez mais, à medida que outros pacientes, principalmente mulheres, cruzavam com ele. Benedito percebia os olhares e imaginava os cochichos, pois seu badalo, que não era, digamos assim, um exemplar assombroso, estava praticamente à mostra, embora o moço tentasse puxar o jaleco para baixo, tentando esconder seu humilde atributo.
Assustado com aquela situação inusitada, Benedito resolveu apertar o passo e finalmente conseguiu entrar na sala de cirurgia.
― Pô, doutor, não tinha um jaleco mais comprido?
O médico olhou para ele com uma cara de puro espanto, tentando conter o riso.
― Ô, Benedito, você não precisava ter tirado a roupa. Era só vestir o jaleco por cima. Melhor colocar a calça, rapaz, se não as enfermeiras não vão conseguir trabalhar direito.

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