quinta-feira, 3 de novembro de 2011

153 - A TOALHA

Era a primeira vez que Epitáfio deixava sua terra natal, no interior de Minas Gerais, para trabalhar e morar em Ribeirão Preto, uma cidade paulista muito maior e mais moderna.
Foi assim que, num domingo, chegou ao novo destino com o dinheiro contado, suficiente apenas para se manter por um mês, até o recebimento de seu primeiro salário.
            Após procurar durante a tarde toda, finalmente Epitáfio encontrou um hotel que considerou bom e barato. Não demorou e já estava no quarto, descansando na cama, pronto para tomar um banho relaxante.
Foi aí que, ao virar-se para o lado, viu um panfleto sobre o frigobar. Cheio de curiosidade, esticou o braço e alcançou o papel, para ver do que se tratava. Era um simples cardápio com os valores de lanches e bebidas. No entanto, algo chamou sua atenção. Na última linha, em letras garrafais, estava escrito: Toalhas R$ 30,00.
            Epitáfio ficou muito preocupado e pensou:
― Não é possível. O valor da toalha é praticamente a metade da diária. Não posso gastar essa grana.
Assim, precisando de um banho urgente, e ao mesmo tempo sem dinheiro para as toalhas, Epitáfio não encontrou alternativa melhor. Passou a se enxugar com as fronhas. Isso mesmo. Durante cinco dias, desnudou os travesseiros e secou-se com as fronhas.
Somente no final da semana seguinte, ao tomar o café da manhã com outro hóspede, Epitáfio conseguiu desabafar:
― Que roubalheira. O hotel cobra R$ 30,00 para a gente utilizar cada toalha. Isso é um absurdo.
E o novo amigo, rindo muito, explicou:
― Na verdade, você pode usar as toalhas sem problemas, não precisa pagar nada. Esse valor só será cobrado se você tentar roubar a toalha do hotel.

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