terça-feira, 9 de agosto de 2011

116 - TELEFONE FIXO


Uma vez, Régis Naldo precisou trabalhar até mais tarde e depois foi para casa no ônibus das 18h30. Com a noite já começando a cair, o interior do ônibus estava bastante escuro e Régis não percebeu que havia uma pessoa sentada no banco que ele escolhera para se acomodar.
Foi assim que acabou sentando no colo do “Tortão”, apelido de um estivador, rapaz moreno, muito forte, com mais ou menos dois metros de altura e outro tanto de largura.
Aquilo funcionou como um choque. Com um salto muito rápido, capaz de fazer inveja a um atleta olímpico, Régis pôs-se novamente em pé e começou a se desculpar:
― Mil desculpas, Tortão... não percebi que o senhor estava sentado nessa poltrona.
― Sem problemas – respondeu com voz grossa o rapagão.
E Régis, querendo se desculpar ainda mais, completou:
― Quando sentei no seu colo, senti que havia algo no seu bolso. Pode ser que eu tenha quebrado o seu celular.
Depois de alguns segundos em silêncio, como se procurasse as palavras certas, Tortão encerrou a conversa:
― No meu bolso não tem nada, não, muito menos celular. Eu só uso telefone fixo. E bem fixo.

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