terça-feira, 9 de agosto de 2011

135 - E EU TÔ MORTO?

               Certa vez, em Capão Bonito, Barba estava entre amigos relembrando um triste episódio de sua vida.
Alguns anos antes, ao visitar uns parentes em São Paulo, ele havia perdido os documentos. Como não conseguiu encontrá-los, procurou o “Economiza Tempo”, para providenciar um novo RG.
O que ninguém poderia prever é que, ao fornecer seus dados, Barba foi informado de que havia um mandato de prisão contra ele.
O moço esbravejou, pediu explicações, exigiu provas do delito, mas não teve jeito: acabou na cadeia. É claro que no final da história ficou tudo esclarecido. O incidente não passara de um grande mal-entendido. Em todo caso, a confusão acabou lhe custando um dia inteiro atrás das grades.
Depois que cada um fez seu comentário de solidariedade, Joaquim, muito sério, olhou para o Barba fixamente e perguntou:
― Barba, dizem por aí que, na cadeia, um recém-chegado é obrigado a manter relações sexuais com os outros presos, caso contrário pode até morrer. E aí? Rolou alguma coisa?
Sem se abalar com a pergunta indiscreta do amigo, Barba calmamente respondeu:
― Ô, Joaquim, não faz pergunta difícil. Por acaso eu tô morto?

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