terça-feira, 26 de julho de 2011

13 - PRESO NA SACADA



Num dia muito quente, em pleno verão, Riccardo Maçanetti estava trabalhando em Ribeirão Preto. No final da tarde, ele foi até o hotel, entrou rapidamente no seu quarto, ligou o condicionador de ar, tirou toda a roupa e se deitou na cama para relaxar e se refrescar.
Logo em seguida começou a chover e ele foi, peladão, até a sacada, apreciar aquela chuva refrescante. Como o ar-condicionado estava ligado, ele teve o cuidado de fechar a porta de vidro da sacada e ficou lá fora durante alguns minutos.
Ao tentar voltar para o quarto, Maçanetti notou que a porta estava trancada e só havia maçaneta no lado de dentro. Sem alternativa, ele ficou preso na sacada. Pior: pelado. Mais um detalhe: a sacada era toda de vidro.
A primeira opção foi tentar arrombar a porta, mas a fechadura era muito resistente. A segunda opção foi tentar quebrar os vidros, mas eles eram espessos e também resistentes. A última e desesperada opção foi tentar chamar a atenção de alguém que pudesse transmitir o ocorrido à recepção do hotel. 
Como ele estava no 10º andar, ficava difícil se comunicar com as pessoas lá embaixo na rua. Pensou então em se fazer notar por algum morador do prédio vizinho. Olhou em volta e viu uma senhora que também apreciava a chuva da sacada do apartamento. Não teve dúvida: começou a pular, gritar, gesticular e assobiar para atrair a atenção da senhora.
― Ei, minha senhora, socoooorro... Olha eu aqui na sacada... Aqui, ó... Sou o Riccardo.
A senhora, depois de algum tempo, percebeu que aquele rapaz estranho tentava falar com ela e respondeu gritando:
― Seu Ricardão tarado, safado, sem-vergonha.
Indignada, entrou correndo e bateu a porta. Riccardo ficou desesperado, pois aquela era sua última opção.
Não demorou muito e a família inteira daquela senhora apareceu na sacada. Marido, filhos, todos queriam ver e ofender o tal “tarado do hotel”.
Riccardo então gritou novamente, desta vez escondendo com as mãos as partes íntimas:
― Eu não sou tarado. Só fiquei preso na sacada. Ajudem, por favor. Avisem na recepção que estou no 10º andar.
Finalmente, passados uns 10 minutos, um funcionário do hotel, usando uma chave reserva, entrou no quarto e “libertou” Riccardo.
― É, a família aí da frente nos avisou ― disse o funcionário sorrindo ―. Da próxima vez, vê se não fecha totalmente a porta da sacada... Ah, e use pelo menos uma cueca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário