sexta-feira, 1 de julho de 2011

03 - O TATUZÃO


Após realizar alguma atividade em campo, é muito comum o trabalhador ficar com as roupas e a pele sujas de barro ou poeira, principalmente nas fazendas com solos mais argilosos. Porém, algumas pessoas conseguem se sujar muito mais que outras.
Carlinhos era uma delas. Responsável pela área de solos, ele era conhecido na empresa por gostar de ficar dentro de uma trincheira, estudando e descrevendo os solos. Ao final de um dia de trabalho, costumava-se dizer que era quase impossível diferenciar o Carlinhos de um tatu, pois ele ficava todo sujo de terra, da cabeça aos pés.
Num final de tarde, ele precisou levar sua esposa ao médico e, como estava muito atrasado, não teve tempo de tomar banho nem trocar de roupa. Percebendo toda aquela sujeira no corpo, ficou envergonhado e disse à esposa que não entraria no consultório. Ficou sentado, do lado de fora, na calçada. Como estava muito quente, ele tirou o boné da cabeça, para se refrescar com a brisa, e colocou ao lado. Uma senhora passou perto, olhou bem para ele, e disse:
― Que pobre coitado.
Em seguida, depositou um dinheiro dentro do boné. Carlinhos levantou-se para discutir com a senhora, mas, olhando bem, viu que era uma nota de dez reais. Voltou a sentar lentamente e disse à mulher que já se afastava:
― Muito obrigado, minha senhora. O pão e o leitinho das crianças já estão garantidos. O que a senhora vai fazer na próxima sexta-feira à tarde? Eu estarei sentadinho bem aqui, neste mesmo horário.




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