terça-feira, 26 de julho de 2011

83 - LOOÓ



No setor florestal, a expressão “looó” é muito conhecida e utilizada como resposta a uma pergunta ou comentário de duplo sentido. Exemplo: quando alguém quer trocar informações ou experiências e pergunta: “vamos fazer um troca-troca?”, a resposta invariavelmente é “looó”. Ou se alguém quer guardar um material no porta-malas do carro e pergunta: “posso colocar aí atrás?”, a resposta, com certeza, é “looó”. Ou ainda, se alguém quer saber como você está e pergunta: “tudo bem por aí?”, sem dúvida, a resposta é “looó”.
Normalmente o “looó” vem acompanhado de um gesto de mão como que empurrando alguma coisa para o lado.
Pois bem. Certa vez, Belina organizou uma reunião da área de melhoramento genético, com atividades para toda a semana. Participaram da reunião profissionais de várias áreas da empresa e, como é natural, com vários florestais reunidos, muitas piadas e muitos “looós” foram ouvidos já nos primeiros dias.
Aquilo foi irritando Belina de tal forma que, na sexta-feira de manhã, logo cedo, ela reuniu a equipe e desabafou:
― Eu não aguento mais este tal de “looó”. Vocês ficaram a semana toda dizendo “looó” daqui, “looó” dali. Isso é muita criancice, não é comportamento de grandes profissionais como vocês. Então, chega! Chega! A partir de agora, não quero mais ouvir esse “looó”. Está bem? Cheeeega!
Doni e Elimar tentaram acalmar Belina com explicações, justificativas, e por fim tudo parecia esclarecido. A partir daí, todos ficaram caladinhos e entraram no talhão, para ver um ataque de psilídeo.
Uma das características dessa praga florestal é a formação de uma espécie de cápsula ou concha na parte inferior das folhas do eucalipto.
Um dos participantes comentou, então, que a cápsula continha alto teor de açúcar. Ao ouvir essa observação, Belina resolveu experimentar algumas conchas e exclamou:
― Gente, o negócio cresce na boca!
“Du Little Field”, que havia permanecido no escritório e não sabia das recomendações, chegou ao talhão naquele exato momento e, ao ouvir o comentário de Belina, não teve dúvidas, soltou um sonoro:
― Loooooooó!...
Houve um grande momento de silêncio. Por fim, Belina finalizou:
― Caramba, Du... Não adianta falar, não é verdade? Eu desisto. Vocês não têm jeito mesmo!

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